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Flocky - 3 - Final

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Flocky – 3 - Final


“Amor Inocente... Cortado...”



Manha do sexto dia, cerca de 11 horas da manhã.

Silencio em casa era total.

Nenhum som de TV, rádio, andar de pés ou filhote choramingando querendo atenção, colo ou gente por perto.

Acordado em minha cama, e estranhando muito o silêncio, saio da cama usando apenas a bermuda pela casa.

Sala, banheiro, quartos, copa e cozinha vazios.

Do lado de fora, meu cachorro estava sentado no penúltimo degrau me olhando com aquela expressão de “você acordou agora?”.

Passando por ele e fazendo carinho em sua cabeça, vou até a garagem e percebo que todos haviam saído durante a manhã, pois o carro de minha mãe não estava na garagem.

No horário do almoço, fiz o de costume, tentando não pensar em nada.

Lavei a louça, e milagrosamente, arrumei a minha cama, olhando-a e por um momento, lembrando do filhote.

Logo procurei espantar o pensamento e acabei me sentindo indiferente ao mundo exterior. Pois eu sabia, eu sempre soube.

***


Almocei, vi um pouco de TV, usei o computador a tarde até o início da noite quando minha mãe chegou em casa com uma de minhas tias.

- Felipe? – chamou ela por mim quando entrou em casa.

- Sim? – respondi aparecendo no corredor.

- Sua irmã não chegou ainda né? – perguntou-me.

- Isso mesmo... Por que? Onde ela foi? E a senhora foi também? – indaguei meio surpreso por ela não estar com minha irmã junto.

- Fui levar o Flocky ao hospital... – respondeu-me ela.

- Durante a noite – minha tia começou a explicar – sua mãe levantou para usar o banheiro e foi ver como o cachorrinho estava, pois ele estava quieto, e quando entrou na copa, viu que ele estava muito mole e tremendo um pouco. Aparentemente já era quase 6 da manhã não é? – perguntou ela a minha mãe querendo confirmar o horário.

- Sim, por ai – respondeu minha mãe e continuou o assunto – foi ai que eu percebi que ele estava realmente mal e fui chamar a sua tia para ver o Flocky e quando eu falei que achava que o filhote estava mal, a Geovana estava de pé ao meu lado já querendo chorar.

- E onde está ela agora? – perguntei sentindo o coração bater forte enquanto percebia a noite cair.

- Está no hospital com a sua outra tia, pois só a Val sabe onde tem um hospital grande para ver o que o cachorro tem e a Geovana, óbvio, não ia desgrudar dele né? – perguntou comentando.

- Entendi... – respondi abaixando a cabeça e procurando o que fazer.

“Eu sabia... e eu ainda sei...” Era o meu pensamento.

Durante o início da noite, mesmo com mais gente em casa, o silêncio reinava e assim se seguiu à noite.

Apenas com o som da TV ligada, falando para alguma alma penada que talvez estivesse por perto.

Aparentemente, não senti o tempo passar, é como se o mesmo não tivesse existido nesse dia pois, eu e minha mãe apenas notamos o tempo, quando minha irmã chegou.

A mesma abriu o portão e passou correndo pelo corredor externo, abriu bruscamente também a porta da cozinha não segurando mais o choro e passou por minha e nossa mãe aos prantos, entrando no quarto onde nossa mãe dorme e batendo a porta para fechar e chorar alto lá dentro.

Momentos depois, minha segunda tia entra pela porta da cozinha e começa a relatar o que aconteceu com pesar.

- Eu e a Gê passamos o dia no hospital que eu comentei com você, e não se preocupe com o dinheiro está bem? Daremos um jeito nisso depois – falou ela com a voz triste.

- E o que o doutor disse? – perguntou minha mãe.

- Cinomose – respondeu minha tia emendando – o filhote era um poodle preto, e poodles são frágeis em saúde... Aparentemente, ele pode ter pegado só por ter brincado com o Billy ou mesmo por que dormiu em cima dos panos nos primeiros dias... Mas o fato é que, muitos filhotes morrem de Cinomose, disse o médico, e o Flocky... Foi mais um dos que inevitavelmente não foi possível...

- A ficou lá no hospital com você o dia todo e a noite toda? – perguntou minha mãe.

- Sim... ela não saia do lado do bichinho... Coitada, estava sofrendo junto com o filhote, e ficou lá até o médico falar que ele não havia resistido, mesmo com a medicação e a urgência e acabou falecendo lá mesmo após vomitar várias vezes o remédio...

“A Sequência a seguir se passa em momentos rápidos e cheios de tristeza:

Minha irmã Geovana, podia ser ouvida chorar onde eu estava, dentro de casa e na cozinha, bem longe do portão que estava sendo aberto por ela, aos prantos para que a mesma entrasse com a nossa tia logo após.

Os passos fortes e rápidos fizeram o nosso cachorro mais velho se assustar na sua área e e latir bravamente enquanto a pequena menina, mais uma vez e pela última agora, cruzava o corredor estreito, do lado externo da casa, entrava na primeira porta a direita, a da sala, cruzava a mesma feito um raio, cruzava o corredor interno da casa em direção ao seu quarto, entrava, batia a porta com força ao fechar e ainda assim, era possível ouvir o seu choro incansável...”


Minha tia que estava com ela, agora, chegando a cozinha, olhando para nós, eu e minha mãe e minha outra tia, dava a notícia.

- O bichinho faleceu no hospital... Ele não aguentou a doença e partiu na frente dela... – noticiou abatida.

- Oh meu Deus... – exclamou minha outra tia.

- Ai... Geovana... – disse minha mãe indo até a porta do quarto, batendo sem muita força e chamando minha irmã, recebendo como respostas, berros de que não queria ver ninguém.

- Fê, abre o portão para mim... melhor deixar vocês por enquanto – falou minha tia.

- Também acho... Coitadinha da menina... – comentou a minha outra tia mais abatida.

- Está bem... – respondi para ambas indo abrir o portão para ela.

Foi uma despedida rápida, minha tia caminhou até sua casa e a outra, entrou no carro que servia de taxi e foi embora para sua casa.

Antes deu fechar o portão, olhei o céu fechado e o vento passou forte, empurrando as nuvens que mal se podia ver no céu e então, notei a minha sombra, sendo projetada pela luz que refletia da lua não cheia ainda.

Fechei o portão, subi as escadas e parei no corredor, sozinho. Apenas olhando para frente.

Nada havia para ser visto apesar de estar ali, na minha frente... O Pequeno filhote preto de Poodle, com o seu pelo grande, que deveria ser cortado e encaracolado, me olhando sentado com o rabinho minúsculo mal se movimentando.

Então se levantou e entrou dentro de casa pela porta da sala.


“Mãe Lua... Ilumine a minha casa com sua luz na escuridão da triste que poderá ser essa noite... Por favor...”
Pois é, o final está aqui...
Posteriormente irei escrever um complemento sobre esta historia...

Desculpem o final...

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